quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Bacuri


O ultrasson estava marcado para às 18 hrs. Saí adiantada do trabalho, tranquila. O Pablo já estava à caminho, sossegado. Já estava quase chegando no laboratório, tudo dentro da previsto.
Se não fosse por um detalhe: Esqueci a guia do exame em casa!
Meu Deus e agora?!?!
Liga no laboratório, procura um táxi, não tem táxi no ponto, procura na rua, não aparece, a ligação caiu, liga de novo, avisa que vai chegar atrasada, sem garantia de atendimento, começa a chorar, pega um táxi, enlouquece o taxista, reclama do trânsito, chega em casa, sobe correndo, procura a guia, não encontra, volta a chorar, encontra a bendita, desce correndo, volta, dá uma escovada no cabelo, passa um perfume, desce correndo, enlouquece o taxista, liga para o Pablo, liga para a mãe, liga no laboratório, acabam-se os créditos, chega no laboratório, o taxista não consegue contar o troco, enlouquece o taxista, entra correndo, quase cai em cima da recepcionista, e ufa! Consegui...

Na verdade, não.

A velha coroca da recepcionista olha para minha cara esbaforida, olha pro reloginho vagabundo dos anos 60 que ela usa naquele braço branquelo de nazista e balança a cabeça: Impossível!
15 minutos de atraso e eu não vou ser atendida? Não.
Senta e chora. Chora, chora, chora.
Explico que minha médica pediu que o exame fosse feito nessa semana.
Algumas dedilhadas no teclado do computador com a maior má vontade do universo e o veredito: Só na semana que vêm.
Para não pegar o monitor e quebrar na cabeça daquela infeliz, eu chorei como nunca na vida você vai ver uma grávida chorar, entre gritos e palavras inteligíveis.
E a maldita da nazista impenetrável na sua cadeira de recepcionista. Os dedos magros no teclado do computador digitando sabe-se Deus o quê.
E nada do Pablo chegar para me salvar.
Então, entre as lágrimas vi duas médicas, com cara de desesperadas, se aproximando.
Uma delas tentando entender o dialeto que eu murmurava, perguntou o porquê de tanta agonia. Qual foi minha surpresa quando, finalmente a nazista abriu a boca para explicar a situação e a voz doce da doutora diz: Mas sou eu que faço o ultrasson, ninguém me falou que a paciente havia chegado, eu a estava aguardando!
Foi uma mistura de alívio imenso e uma vontade imensa de voar no cabelinho de Beiçola daquela coroca filha da p...

Entre os soluços depois do choro o Pablo chegou, a médica me tranquilizou e o ultrasson começou...

Nem preciso dizer que foi só meu bebê aparecer no monitor para eu esquecer de tudo.
São momentos inesquecíveis esses de ultrasson!
Já estávamos na 21° semana e ainda não sabíamos se era menino ou menina. Desse ultrasson não podia passar. Mas mãe coruja que eu sou, antes da médica falar o sexo eu já logo vi o "bingulin" dele lá na tela!
É um menino! Eu falei antes dela pegar um ar para dar a notícia.
Já tinha chorado tanto que não sobraram lágrimas pra essa hora.

E a aventura nunca termina... ;)

Nenhum comentário:

Postar um comentário