sábado, 22 de setembro de 2012

O destemido Mathias e a saga do limão


Uma cadeira, um portão e uma fruteira. Resultado: três pontos na testa.
Foi o pior dia da minha vida! (Eu sei que eu já disse isso quando ele fechou o dedo na porta, mas agora é sério!)

Tudo por causa de um limão. Um limão e um braço de distância.
A mão se esgueirando puxou o braço, que por sua vez levou também o corpo, e este se desequilibrando levou a cabeça do menino voando até o chão.

Enquanto isso, eu viajava ao mundo da lua assistindo o suco de soja que descia da caixinha para o copinho verde transparente, que logo em seguida foi parar, sabe-se Deus como, na lavanderia.

Do exato momento em que ele caiu, até a hora em que eu entrei com ele no carro, não deu 5 minutos. Mas, morar em São Paulo tem "dessas" coisas. Criança, em São Paulo, tem que ter hora pra cair. Não pode se machucar às 19h. O trânsito totalmente travado, o Mathias vomitando o jantar na toalha, e a vó dele, muito louca, ligando pra polícia mandar uma viatura abrir caminho até o hospital.

Entramos no hospital parecendo personagens do filme "Madrugada dos mortos". Gritando e cobertos de sangue. Invadi (com permissão) a sala de triagem com o Mathias no colo e, ao invés de explicar como um adulto o que tinha acontecido, eu enrolei a língua de um jeito, que não deu pra entender nem quem era o paciente, eu ou a criança.

Feita a triagem, a médica examina e: SUTURA. Quem já levou o filho pra fazer uma dessa sabe do que eu estou falando. A imagem ficou na minha cabeça por dias. Toda vez que eu fechava os olhos, ela vinha. Três pessoas segurando o meu macaquinho, e eu tentando (em vão) distraí-lo. 
Mas, dos males o menor. Depois de 1h de espera (até fumar, eu fumei) o resultado da tomo deu normal. Quer dizer, normal dentro de um parâmetro de normalidade peculiar chamado Mathias. Mas, normal.

Macaquinho dormindo na cama, roupas ensanguentadas na máquina, o tio Diego dando banho no cachorro (!) que ficou preso dentro do box do banheiro, manchas de sangue do chão retiradas, copinho verde resgatado, e por último mas não menos importante, o bendito limão de volta na fruteira.
Eu queria viver o "Efeito Borboleta" na hora em que eu coloquei esse limão no lugar. Queria mesmo, muito.