domingo, 2 de dezembro de 2012

- Pra dentro agora!


Segundo Woody Allen em "Whatever Works", somente as mentes brilhantes mudam de ideia.
Eu acredito. Porque preciso acreditar.
Depois desse bungee jumping sem corda que o Mathias fez na cozinha, eu repensei a ideia de mandá-lo pra escola no ano que vem. Pensei em ficar com ele mais um ano em casa, esperar ele aprender a falar, ir ao banheiro... Enfim, lamber a cria mais um pouco.

Mas aí... Dois dias depois... Quando ele rasgou minha coleção Pom Pom de livros infantis que eu tenho há 25 anos, eu voltei atrás rapidinho e arrumei uma escola pra ele em 15 minutos de conversa com uma pedagoga pelo telefone.

Então, no dia seguinte, ele aprendeu a dar beijinho e a comer de garfinho... Aí é golpe baixo. Liguei na escola e cancelei a entrevista com a pedagoga. Pensei: "Como vou me desgrudar dessa delícia?"

E é assim que é. Todo dia. Tudo misturado. Às vezes eu quero cortar a rede de proteção da janela e me jogar na piscina de canudinho. Mas no primeiro tropeço seguido de tombo eu já corro na direção dele muito louca, apertando de um jeito, que dá vontade de colocar pra dentro da barriga de novo.

A mamãe canguru é que é feliz. Se está amando, ela põe a cria pra dentro da barriga e sai por aí, amando muito! Se está puta da vida, ela põe a cria pra dentro da barriga, fecha o zíper e vai assistir a novela.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mais uma costuradinha e...


Eu ando com medo de ir ao médico ultimamente, todo consultório que eu entro, saio com uma guia de internação. Os médicos estão sempre encontrando alguma coisa pra tirar de dentro de mim: Um bebê, um cisto, um mioma, um cálculo renal... Bom, pelo menos os cistos, miomas e cálculos eu posso dizer que são produção independente! Já o bebê...eu sou obrigada a compartilhar o mérito.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

"Olhando para o meu rebanho, e vendo as minhas ideias..."


Enquanto eu cozinho, limpo e assisto o mesmo desenho animado pela milésima vez, eu tenho tantas ideias, e aí eu fico lá escrevendo "num papel que há em meu pensamento" pra depois esmiuçá-las. Mas o fato é que quando tudo está feito, limpo e arrumado, elas somem! Quando eu sento na frente do papel, elas fogem! Eu ainda sinto a presença delas, o banco ainda está quente, mas elas não estão mais lá. Ai que raiva que dá! Mas eu vou ser mais esperta, da próxima vez vou pegá-las de surpresa. Vou arranjar um moleskine de bolso, e assim que elas aparecerem no meio de uma uma pia cheia de louça eu prendo elas no meu moleskine. Aí eu quero ver..!

sábado, 22 de setembro de 2012

O destemido Mathias e a saga do limão


Uma cadeira, um portão e uma fruteira. Resultado: três pontos na testa.
Foi o pior dia da minha vida! (Eu sei que eu já disse isso quando ele fechou o dedo na porta, mas agora é sério!)

Tudo por causa de um limão. Um limão e um braço de distância.
A mão se esgueirando puxou o braço, que por sua vez levou também o corpo, e este se desequilibrando levou a cabeça do menino voando até o chão.

Enquanto isso, eu viajava ao mundo da lua assistindo o suco de soja que descia da caixinha para o copinho verde transparente, que logo em seguida foi parar, sabe-se Deus como, na lavanderia.

Do exato momento em que ele caiu, até a hora em que eu entrei com ele no carro, não deu 5 minutos. Mas, morar em São Paulo tem "dessas" coisas. Criança, em São Paulo, tem que ter hora pra cair. Não pode se machucar às 19h. O trânsito totalmente travado, o Mathias vomitando o jantar na toalha, e a vó dele, muito louca, ligando pra polícia mandar uma viatura abrir caminho até o hospital.

Entramos no hospital parecendo personagens do filme "Madrugada dos mortos". Gritando e cobertos de sangue. Invadi (com permissão) a sala de triagem com o Mathias no colo e, ao invés de explicar como um adulto o que tinha acontecido, eu enrolei a língua de um jeito, que não deu pra entender nem quem era o paciente, eu ou a criança.

Feita a triagem, a médica examina e: SUTURA. Quem já levou o filho pra fazer uma dessa sabe do que eu estou falando. A imagem ficou na minha cabeça por dias. Toda vez que eu fechava os olhos, ela vinha. Três pessoas segurando o meu macaquinho, e eu tentando (em vão) distraí-lo. 
Mas, dos males o menor. Depois de 1h de espera (até fumar, eu fumei) o resultado da tomo deu normal. Quer dizer, normal dentro de um parâmetro de normalidade peculiar chamado Mathias. Mas, normal.

Macaquinho dormindo na cama, roupas ensanguentadas na máquina, o tio Diego dando banho no cachorro (!) que ficou preso dentro do box do banheiro, manchas de sangue do chão retiradas, copinho verde resgatado, e por último mas não menos importante, o bendito limão de volta na fruteira.
Eu queria viver o "Efeito Borboleta" na hora em que eu coloquei esse limão no lugar. Queria mesmo, muito.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A maluca do parquinho



A maluca do parquinho sou eu, claro!

Desço com o Mathias para o parquinho e já sei o que vou encontrar por lá.
Uma vovó boazinha e cansada, com um netinho bem arteiro. Outra vovó meio doida, com uma netinho que deixa qualquer uma doida mesmo. Outra vovó esquisita, com um neto mais esquisito ainda. Uma mamãe, com duas crianças grandes demais para estar no parquinho. Outra mamãe com cara de quem tem empregada, com a filha arrumada demais pra brincar. Algumas crianças sozinhas ( leia-se largadas!). E eu.

Cada uma dentro da sua peculiaridade. Mas, a mais maluca tinha que ser a mãe do Mathias.

Logo de cara você já me nota, de óculos escuros. Tática pra só conversar com quem me der na telha. Essa  'social do parquinho' me irrita um pouco. E quando eu converso com alguém, eu pareço ainda mais maluca. Falo alto, falo demais, desabafo. Porque mãe não conversa, mãe desabafa. Mas não deixo ninguém se meter na minha vida. Já mando pro inferno. Ah sim, tem os palavrões. Um dia vou acabar excomungada no parquinho. E sem contar o jeito de me vestir que destoa. Parece que existe um código de conduta subjetivo quanto a isso. Eu não mudei meu guarda-roupa depois que virei mãe. Nem pretendo. E quando eu falo com o Mathias, eu falo de igual pra igual. Não tem essa, de "vem cá neném". É "Mathias presta atenção, meu".

Enfim, eu não sou desse planeta.
O engraçado é que eu vivo dizendo pro Mathias que, de tão arteiro, ele deve ter vindo de outro planeta... Vai ver veio mesmo!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Trocando de avental


Deu pra mim. Tô legal. Foi bom enquanto durou, mas é hora de mudar o rumo da vida de novo.
Ao contrário do que eu pensava, eu não nasci pra ficar em casa cuidando de filho.
Bem que eu queria, mas não dá. Eu tentei. Eu insisti. Eu quis muito. 
Mas o Mathias vai ficar melhor na escola do que comigo.
Eu não tenho paciência, nem vocação. Eu amo meu filho, mas tô afim de ficar com saudades dele.
Estou há 1 ano e meio com ele direto. 24 por 7. Sendo pai e mãe.
Já deu pra saber o que quero. Já deu pra saber se rola ou não. Não rola. 
Sem peso na consciência, eu fiz a parte que me cabe. Durante o tempo que me cabe.
Amamentei. Cuidei do umbigo, do pinto, da assadura. Passei madrugadas em claro.
Mas agora, ele precisa de novos estímulos. E eu não estou disposta a me profissionalizar na carreira de mãe.
Vou trocar de avental. De novo. Tirar o outro da gaveta e sacudir a poeira. Iniciemos os trabalhos!
Mas antes, uma rápida peregrinação atrás da bendita escola. E a aventura nunca termina.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Emancipado


O Mathias está tão arteiro, mas tão arteiro, que hoje eu tive uma conversa séria com ele.
Disse que ele já está bem grandinho e já está na hora de procurar um emprego e ir cuidar da vida dele.
Ué, a gente não cria os filhos pro mundo?! 
Aí mundo, o meu tá pronto, pode vir buscar!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Salud


Ganhar parabéns da pediatra não tem preço!
Eu reclamo da classe, digo que a médica não sabe de nada, mudo de pediatra todo semestre, digo que meu filho é saudável e não precisa ir ao médico todos os meses, digo que são todos uns exagerados e centralizadores.  
Mas quando ela sorri pra mim, e diz que "eu estou de parabéns" ela é a melhor médica do mundo. Saio do consultório me achando! 
Pois é Dra. Maria Emilia Scaff, e não é que você sabe das coisas?!

domingo, 6 de maio de 2012

Presente de Dia das Mães


Feliz Dia das Mães pra você que saiu correndo com o seu filho para o pronto-socorro, porque ele esmagou o dedinho na porta da sala.

sábado, 28 de abril de 2012

Ah, as avós...


Ah, as avós...Tão queridas! Tão solícitas! Tão, tão solícitas!
Sempre prontas e com uma dica 'incrível' na ponta da língua!
Irritantemente dispostas a não te deixar esquecer, que de 'ser mães' elas entendem tudo!
Sua experiências maternantes são insuperáveis!

Aqui em casa, ouço coisas do tipo:
-Com os 'meus filhos' eu fiz assim!
De quais filhos ela está falando? Existem outros? Em outra vida, quem sabe?
Às vezes eu preciso lembrá-la de que eu também estava lá. Por acaso.

Mas, eu reconheço, que elas tem mesmo ótimas ideias!
 -Vou cozinhar um macarrão com molho vermelho pro Mathias.
 -Tenho uma ideia melhor. Por que você não faz um macarrãozinho com um molhinho vermelho pra ele?
 -Oi???

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A regra de 3


O eterno dilema das mães ao redor do mundo inteiro desde os primórdios: Meu filho não come!
Aqui, eu resolvi o meu problema com a regra de 3. 
Eu digo o meu problema, porque a criança não tem problema nenhum. A criança está ótima. Saudável e cheia de energia. A mãe é que está bem louca elaborando planos mirabolantes para empurrar 'só mais uma colherada' pela goela do coitado.

Depois de muita reclamação, bronca, mágoa (sim, eu fico magoada se ele não come o que eu faço), eu decidi largar essa vida.
Estipulei 3 regras básicas que resumem tudo o que eu posso fazer a respeito disso:
1°. Que os alimentos sejam frescos.
2°. Que a refeição seja saborosa.
3°. Que seja oferecida nos horários corretos.
Ponto.

Sempre que eu estou perdendo a paciência na hora do lanche, enlouquecida tentando imaginar o que cozinhar ou assistindo o Mathias tirar a comida da boca e esfregar na mesa, eu respiro fundo... e repito a regra de 3. 
Três vezes.
Tem funcionado...

domingo, 22 de abril de 2012

- Não!


-Mathias, não mexe aí!
-Mathias, não coloca o dedo daí! 
-Mathias, não saia daqui!
Ufa! Haja paciência...

Percebi dia desses que, aqui em casa, existem dois tipos de não.  E consequentemente, uma reação diferente pra cada um deles. 

O primeiro não é aquele repetido centenas de vezes durante o dia. É o não mais comum. Aquele não meio cansado, meio de saco cheio. 
-Não mexe, não pega, não entra, não sobe, não tira, não não não não...
Esse não o Mathias nem ouve mais. Virou um tipo de mantra. Naaauuuummmmmmm. Não resolve mer... nenhuma.

O segundo não é mais raro. É um não curto e enérgico! É aquele não do dedo na tomada, da faca na pia, da panela quente no fogão, da janela sem proteção... É um não gritado. Aquele que, se a criança não morrer de choque, a mãe mata de susto. 
- nÃÃo!
Ah, esse não é o privilegiado pela obediência. O reverenciado, o grandioso. É o não do perigo.

E não adianta tentar imitar pra ver se dá jeito, porque não funciona. Tem que ser genuíno. Tem que vir do diafragma. Se não, esquece amiga!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Debaixo da asa


Com todas essas idas e vindas do hospital, contando principalmente com as internações, nem preciso dizer a falta que eu senti do meu gatinho. Dói o peito só de lembrar. 
Mas o maior beneficiado com isso, claro, foi o próprio Mathias. 
Primeiro, porque ficou todos os dias com a vovó, que faz todas as vontades dele. (Senti até que, quando eu cheguei de volta, ele me olhou um tanto decepcionado...rs!) 
E segundo, porque sempre quando eu fico assim longos períodos longe dele, eu volto com a maior paciência do universo. Pode reclamar pra comer, pode dormir tarde, pode ficar no colo, pode tuuuudooooo. 
Logo, ouço alguém dizer ao fundo:  -Vai estragar o menino! 
Não tô nem aí... Estrago mesmo! 
Afinal de contas, quem vai consertar o menino depois sou eu!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

En fin...

Meus dias de La Mome Piaf estão temporariamente suspensos. Ufa! Em casa de novo, e de vez.     
                          

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Here I am again...


Pois é, aqui estou eu de novo. Mais uma cirurgia. Agora, pra retirar esse cálculo maldito. Dois centímetros de muita dor. Como o meu rim podrinho está funcionando ainda nos seus 28%, vamos ficar com ele mesmo. Não vamos retirá-lo. A dor é tão forte que só alivia com morfina. Já tô bem louca, tomando morfina todo dia pra dor e Rivotril à noite pra dormir. Já não respondo mais por mim. O que eu ando falando não se escreve. Apesar de estar escrevendo agora, nesse instante. O sono tá batendo... ZZZzzzzzzz

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

I'm a single mom, I'm a single mom ♫♫


Eu costumo dizer que uma gravidez indesejada não é uma doença contagiosa como algumas pessoas pensam que é. Primeiro, porque você não pega sem querer, você sabe muito bem o que está fazendo. Segundo, porque a  vida continua, literalmente.
Sempre achei péssima essa ideia que o brasileiro tem de que a mulher que engravida sem planejamento é uma coitadinha precisando de apoio e atenção. Eu discordo.
Primeiro pelo fato de que, pra gozar ninguém me chamou, correto? Agora pra comprar pacotinho de fralda com certeza vai chegar um cartãozinho lá em casa me chamando! Por isso (minhas amigas sabem) lutei muito contra a ideia de fazer o tal chá de bebê. Nunca tinha ido num chá de bebê na vida! O meu foi o primeiro e confesso que, mesmo cedendo aos pedidos e comparecendo, não deixei de me sentir uma oportunista recebendo todos aqueles presentes. 
O segundo fato é que, se a mulher quer formar uma família com o pai do bebê tem que começar pelo começo. Não dá pra engravidar, casar e se apaixonar. Não coloque o carro na frente dos bois, os antigos já diziam. Nesse caso a ordem dos fatores altera o produto sim. A probabilidade disso dar certo é baixíssima. Eu mesma até conheço alguns casos de sucesso. 'Casos' no plural mesmo, mais de um. Mas não deixa de ser um negócio arriscado.

Enfim, o que eu quero dizer é que nós, mães solteiras, assumimos o risco, conhecemos a culpa, tomamos a responsabilidade no peito e batemos pro gol! Estamos muito bem obrigada! 

Mas sejamos realistas. Não dá pra exigir de nós, a mesma disposição e tempo pra pensar em muita coisa além do essencial e do prático. Porque estando sozinha nessa empreitada, o essencial e o prático já preenchem todos os espaços. Isso sem contar com o preconceito. Siiim, ele ainda existe, é comum, e muitas vezes vem de onde menos se espera. Como de um certo pediatra, por exemplo.

A maior dificuldade em criar um filho sozinha, diferente do que as pessoas pensam, não é a financeira e nem a prática, como ter alguém que troque uma fralda ou acorde de madrugada no seu lugar. O mais difícil nessa tarefa é invisível aos olhos. É a responsabilidade. É não ter com quem dividir a responsabilidade. Porque, o dinheiro a gente corre atrás, uma pessoa pra ajudar sempre aparece, mas ninguém vai conseguir compartilhar comigo esse peso de ser a única responsável por essa vida frágil e dependente. Pra isso não tem substituto. Ou é o pai ou não é ninguém.

Criar um filho sozinha, é não ter nunca mais nem 1 minuto de desconexão. Não tem pra quem apontar o bebê e dizer: Toma que o filho é seu também! Todas as decisões quem toma sou eu. Quem tem filho sabe a demanda de trabalho que é. Às vezes eu só quero alguém pra decidir por mim se ele vai tomar suco de maçã ou chá de camomila. Seria bom ter alguém pra decidir pelo menos 20% das questões que aparecem diariamente entre saúde, alimentação, educação, lazer...
E tudo isso pode ficar ainda mais exaustivo somado aos extensos processos judiciais que envolvem uma separação ou um reconhecimento de paternidade, e toda a bagagem emocional que eles acarretam. Não vou entrar nesse mérito pra não desviar do assunto, mas essa bagagem pode deixar uma mácula irreversível no psicológico da mãe e do bebê.

Em suma, por toda essa maratona diária que exercito, é que sou da estirpe das mães ativas. De uma maternidade consciente em que a mãe é a protagonista. Ser mãe ativa não depende da sorte de ter um relacionamento bem-sucedido. Ser mãe ativa não depende do julgamento de alguém que se diz especialista.
Depende sim, da minha iniciativa, do meu desassossego, do meu questionamento, da minha autonomia. Da minha dedicação em orientar os passos do meu filho na direção certa. Da minha dedicação em dar o exemplo. E principalmente, da minha dedicação em acreditar em mim mesma como mãe.

As pessoas não dizem por aí que as mães erram tentando acertar? Então! Quando se lê mães, estão incluídas todas, até mesmo as solteiras. Estamos asseguradas! 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012